VI - Chalé de Atena

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''Era um prédio prata, nada extravagante, com cortinas brancas planas e uma coruja entalhada em mármore sobre a porta. Os olhos de ônix da coruja pareciam seguir quem se aproximava.

Ao entrar podia se perceber que o lugar era uma oficina para crianças superdotadas. Os beliches estavam todos empurrados ao lado de uma parede como se dormir não fosse importante. A maior parte da sala estava cheia de bancadas e mesas e conjuntos de ferramentas e armas. No fundo da sala estava uma enorme biblioteca cheia de antigos pergaminhos, livros com capas de couro e brochuras. Havia uma mesa de desenho de arquiteto com um monte de réguas e transferidores, e alguns modelos 3-D de prédios. Enormes e velhos mapas de guerra estavam afixados no teto. Conjuntos de armaduras estavam pendurados abaixo da janela, suas placas de bronze brilhando no sol.

Em uma mesa de centro se encontrava uma carta endereçado apenas aos recém chegados:

Querido filho,

Escrevo essa carta como um aviso. Você recebeu as maiores de minhas dádivas que são a inteligência e a sabedoria, use-as sabiamente. Lembre-se, você leva grande vantagem sobre os outros por causa de sua mente, mas isso não é sinal para que se sinta superior aos demais, você é um líder nato , e como tal deve sempre pensar em agregar as pessoas. Pense sempre no caráter de sua mãe e no que ela faria caso se encontre em uma situação de difícil escolha, seja sempre justo e saiba que mesmo, ou até principalmente nos momentos difíceis eu estarei com você. Infelizmente não posso lhe receber presencialmente, mas espero que você aprenda o máximo que conseguir no acampamento e me orgulhe de ser sua mãe.

Com amor e carinho, Athena

É aqui. Chalé 6. O chalé de Athena, minha mãe.

O chalé era simples por fora, mas de alguma forma me atraía. Antes de entrar percebi que havia uma coruja entalhada em cima da porta. O mais peculiar na coruja eram seus olhos de ônix, tinha a sensação de que se movimentavam. Talvez fosse uma maneira de representar os olhos acinzentados das crianças de Athena, ou sei lá.

Peguei minhas coisas e entrei. Era como o meu quarto só que melhor. Ok é bem melhor. Encontrei uma cama vazia e a ocupei. Havia mais filhos e filhas de Athena do que eu imaginava. Meus meios-irmãos e irmãs. Sempre fui filha única, então descobrir que tenho vários irmãos é algo meio espantoso. Mas vou me acostumar com a ideia.

Parece que havia alguma coisa em cima da mesa de centro. Um bilhete. Não resisti à curiosidade e o li. Era uma mensagem de Athena. Quando terminei de ler sorri quase que sem querer.

Após alguns segundos devaneando me retirei do chalé. Ainda havia muito a se fazer.

♣ A primeira inspeção do chalé seis ♣

Um dia aparentemente normal para o conselheiro do chalé seis, Nick S. T. Montgomery. O menino se acordara cedo e tomara um maravilhoso banho para se acordar, após isso, fora até a cozinha e preparara um delicioso café da manhã. O menino tomou lentamente seu leite com alguns biscoitos que tinham ali por perto e, após acabar, de quarto em quarto, foi batendo nas portas, acordando todos os semi-deuses que residiam ali. Alguns segundos após bater em cada quarto, todos os semi-deuses haviam se levantados, alguns resmungavam coisas por terem acordado cedo e outros já estavam até vestidos, mas Nick sabia que desistir agora, demonstraria apenas fraqueza. Então o rapaz entonou sua voz e falou claramente à todos presentes no chalé naquele exato momento:
▬ Bom, hoje será um dia de faxina no chalé, então eu quero todos trabalho em diferentes tarefas, devemos deixar o chalé impecável para que nossa mãe reconheça tal ato. ▬ Após falar a frase, Nick observou o rosto de cada um de seus irmãos e irmãs, e mais uma vez, voltou a falar: ▬ Alguma dúvida? ▬ Um menino que estava atrás dos demais, ergueu a mão e perguntou com um tom de fadiga: ▬ Iremos receber dracmas por fazer isso? ▬ Nick arqueou uma de suas sobrancelhas e fitou o jovem, respondendo-o claramente: ▬ Não, não vão. Apenas vamos deixar o nosso chalé arrumado, isso é meio que uma oferenda à nossa mãe, Athena. ▬ Após pronunciar suas últimas palavras, todos começaram a pegar itens de limpeza, assim, varrendo a sala e jogando desinfetante nos quartos sujos. Nick ficou com a parte de limpar o quintal, retirar qualquer sujeira que ficara sobre a grama durante a noite.

Passando algumas horas, todos estavam cansados e com bastante sono, mas o que importava era que o chalé estava limpo e impecável, como Nick comentou antes de começar o trabalho. Nick entrou novamente no meio do circulo que os demais semi-deuses formaram e falou à todos: ▬ Bom, já limpamos o chalé, agora, quero que todos vocês organizem seus quartos, depois disso, podemos descansar ou fazer o que quiserem. ▬ O rapaz saiu do circulo e foi até seu quarto, arrumando-o.

Arrumar meu quarto? Não sou do tipo que deixa o quarto bagunçado, mas ainda assim essa ideia não me agrada. Fazer o que? Era pela nossa mãe.

Então peguei um espanador e um pano úmido e fui limpar meu quarto. Eu possuía - possuo - uma quantidade considerável de livros e cadernos. Limpar todos iria demorar algum tempo, então melhor começar logo. Me sentia melhor no meu cantinho. Havia acabado de chegar e ainda não conhecia ninguém. Então ficar no meio de tantos desconhecidos, mesmo que sejam meus irmãos, era estranho.

Suspirei. Sentia falta do meu pai. Tenho que achar um jeito de falar com ele, e rápido. Ele ainda não sabia que eu estava viva e provavelmente deve estar bem preocupado comigo. Ainda me lembro do ataque dos escorpiões, a fuga a verdade que veio a tona. Tudo isso aconteceu tão rápido que não deu par nos despedirmos. Desde então, minha vida vem mudando drasticamente, mas também vem ganhando mais sentido. Agora entendo o por que deu ter habilidades tão estranhas, de conseguir ver coisas que ninguém mais via.

Acabei devaneando tempo suficiente para terminar de limpar todos os meus livros e cadernos. Ótimo a pior parte já passou. Agora só falta o resto do quarto. Bem, vamos à luta!

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